sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

UMA HISTÓRIA DE NATAL

             Em uma tarde quase chuvosa dessa semana, ao chegar em casa me deparo com o amigo Elias, funcionário de um hipermercado da cidade a me aguardar na porta de casa. Depois de cumprimentá-lo, como ele merece, afinal, é considerado um irmão, me vem a solicitação: se eu poderia ir junto com ele levar uma cesta de alimentos e brinquedos a uma família, em um bairro da periferia, na vizinha Aparecida de Goiânia.
                Em sendo outra pessoa, até que poderia me furtar a tal missão, porém sendo o amigo Elias, me senti na obrigação de levar a cabo a empreitada, não obstante o cansaço do dia, afinal a companheiro e amigo não se nega um favor.
                Depois de embarcarmos a carga na pequena pick-up, seguimos rumo ao sul de Goiânia, norte da vizinha Aparecida. Demoramos um pouco a chegar.
                Não foi fácil encontrar o local que buscávamos. Vira daqui, vira dali, segue em frente, o endereço não batia perguntamos em um ou outro estabelecimento, indagando pelo nome da pessoa, certo é que enfim, logramos por achar a tal casa onde deveríamos entregar a cesta e os presentes.
                O que deu origem a esta entrega é um fato interessante: os funcionários do hipermercado onde Elias trabalha, acharam por bem fazer um ato de caridade. Buscaram entre si indicações de famílias que poderiam receber cestas de natal, doadas pelos próprios funcionários, para que passassem a data festiva com fartura e alegria. E quem vencesse a indicação, seria responsável pela entrega da cesta. Com alegria Elias foi premiado e encarregado da missão.
                Ao chegarmos à pequena residência, localizada em uma rua de poucas casas e de chão enlameado, com uma cerca de tela à frente, ladeada por pequeno portão fechado a cadeado, logo avistamos duas crianças desconfiadas por detrás da porta, a olhar, como se não acreditassem que alguém viria até ali. Ato contínuo chega a mãe e de longe pergunta o que queríamos.
                Elias explica o motivo da presença e, ainda sem acreditar, manda que deixemos os presentes e mantimentos ali. Entendendo a preocupação, obedecemos e mostramos o que trazíamos.
                Aos poucos, a mãe e as crianças foram chegando perto, se aproximando, até que nos mandaram entrar. Desembrulhamos os presentes e oferecemos aos pequenos. Bonecas, carrinhos, bichos de pelúcia, livros de historias, lápis de cor, tudo encantou aquelas crianças.
                Depois a cesta de alimentos. Notei naquela senhora e nos pequenos um ar de perplexidade e uma lágrima incontida rolar pela face. Não esperavam por aquilo.
                Passada a surpresa, nos oferece um café, que faria ali na hora, e enquanto aguardávamos observei os detalhes daquela casa feliz. Casa simples, é verdade, sem reboco, sem luxo, sem vaidade, mas um lar feliz.
Sentamos à pequena mesa da sala coberta por alva toalha, onde repousavam um jogo de xícaras e uma garrafa de café bem usada. Ali em frente uma velha TV sobre uma cômoda antiga e carcomida.  O chão limpinho e adornado por pequenos tapetes feitos à mão. Do lado, um filtro em uma cantoneira, coberta por toalhas brancas, alvas, bem cuidadas.
                Desperto daquela letargia ao ver a minha frente uma xícara de café fumegante e cheiroso. Passados alguns minutos, nos despedimos. Recebo o abraço das crianças com um obrigado singelo, sincero e verdadeiro. “Feliz Natal! Que Deus os abençoe”.
                Não consegui esconder o nó na garganta, a emoção que tomou conta de mim. Por tão pouco, um amigo e eu, fizemos a felicidade de uma família. Família simples, honesta, de bem. Que um dia fará o futuro do país. Dali, saí com uma certeza: meu natal, depois disso, será verdadeiramente feliz. E divido isso com os amigos. Feliz, Feliz Natal.
               

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