Quando menino e morava na Fazenda Nova América, a comunicação e as noticias das pessoas distantes chegavam por rádio ou através de carta.
Lembro bem que aos
domingos, quando meus pais iam para a pequena cidade de Araguaçu, depois que
entregavam as encomendas de frango caipira e frutas produzidas na fazenda, logo
depois da missa iam até a pequena agencia dos correios – que funcionava na casa
do próprio agente – e perguntavam se havia alguma carta. Não raro a funcionária
vinha lá de dentro com um envelope na mão, e minha mãe abria um largo sorriso:
apressava-se em saber de quem era e logo se punha a ler, não raro deixando cair
uma lágrima no canto dos olhos, em clara demonstração de saudade.
De volta à
Fazenda, depois de ler mais algumas vezes – até parece que havia esquecido
algum parágrafo – sentava-se na pequena mesa de madeira da sala e ia responder
aquela carta. Notícias da fazenda, dos vizinhos e dos parentes que moravam ali
perto.
No domingo
seguinte, como de costume, depois das obrigações do comercio e da missa,
voltavam aos correios. Davam seqüência a um ciclo então ininterrupto,
respondendo aquela carta que recebera e não raro, tinham a felicidade de
encontrar outra carta por lá.
Durante a semana
não perdiam os programas de rádio, que enviavam noticias através do locutor. Ouviam
todas as noticias, e se havia alguma destinada a um vizinho, mandavam alguém ou
iam pessoalmente levar a notícia. O velho bordão: “quem ouvir favor comunicar”.
A vida foi
passando. Rapidamente fui morar na querida São Miguel do Araguaia. Lá conheci o
milagre do telefone. Lembro da inauguração do imponente Centro Telefônico,
construção moderna, com cabines confortáveis e climatizadas. Também um preço
pra lá de salgado, nas ditas ligações interurbanas. Época do DDD.
Depois, morando em
Goiânia, me vi diante de um aparelho maravilhoso, chamado telex. Alguém se
lembra do telex? Acho que muitos não ouviram falar nele, mas funcionava. Era um
aparelho meio esquisitão, mas muito eficiente.
Aparelho de Telex Olivetti Te-315 - modernidade para a época |
Hoje o telefone
celular traz o mundo até a palma da mão. Em poucos toques rapidamente falo com pessoas
queridas em todo o Brasil, acesso a página favorita na internet, vou até o
twitter e recebo e envio e-mails. Aliás, poucas pessoas hoje escrevem cartas. A
rapidez do e-mail mudou esse antigo hábito tão prazeroso que era enviar e principalmente
receber uma carta. Não usamos mais as expressões verdadeiras e felizes que
colocávamos no papel. Saudações e desejos de felicidade.
Diariamente converso
com minha filha que estuda em outra cidade, em outro estado. Bem distante de
Goiânia. Além do telefone, utilizo conversas instantâneas no computador e assim
posso ver a expressão angelical de seu rosto.
Com isso, não
estamos mais tão distantes. As comunicações do mundo moderno trazem conforto e
até segurança a todos nós. Facilitam e tornam a vida mais fácil, ágil e
objetiva. Mas nunca poderão substituir a alegria de um encontro, de um
reencontro e da presença de pessoas queridas no meio de nós.
Enquanto esta crônica
está sendo lida, pode ser que eu esteja reunido ao lado de pessoas queridas, de
pessoas que estão sempre no coração, que trazem a alegria de sua presença.
E olha lá se não
estiver degustando uma deliciosa pamonha, feita no capricho, com ingredientes
insubstituíveis: amor, carinho, ternura. Melhor impossível.
Estão servidos?