sexta-feira, 8 de março de 2013

TRAJETÓRIAS... CAMINHOS!


                Há algum tempo afirmei que “a vida é jornada, não destino”. Ensinamentos tirados de um velho cartaz, em inglês, que um dia vi pregado me uma parede qualquer. Frase que me acompanha por toda a vida.
                A vida é jornada... Não destino. Se aceitamos como sina as intempéries e agruras da vida, os destinos desencontrados serão sempre renitentes, constantes.
                Somos capazes sim de mudar nossos rumos, trajetórias. Rumos que às vezes pedem mudanças de curso. Radicais até. Somos nós quem sempre quem deve comandar o leme da vida. O timão deve estar sob nosso pleno comando.
                Vou aos recônditos do coração, visito o tempo da minha infância, da minha meninice. Revivo minha trajetória. Desde o menino sonhador, que esperava ansioso as tardes do domingo para ir ao velho cinema até o pai de família, que continua sonhador. Do velho cinema, de poltronas de madeira ao moderno “home theather”, existe uma longa trajetória percorrida. Lembro que naquele tempo, após o cinema, ia para a praça, a pequena praça da cidade onde morava. Hora de ver os amigos, conhecer pessoas, encontrar os colegas de aula.
                O tempo não volta. E lembranças, recordações se perpetuam em imagens de saudade, cuidadosamente guardadas na memória, no coração. Nada apaga o encanto de determinadas épocas. Passagens da vida, trajetórias percorridas.
                Um dia desses, enquanto caminhava e corria em um dos belos parques da minha querida Goiânia, uma cena me chamou a atenção: um casal, com uma pequena criança nos braços, em uma barulhenta  “mobillette”  estacionou ao lado dos carros imponentes e luxuosos do local.
                Muito jovens, de feições adolescentes, deixaram seu veiculo ali bem amarrado, trancado com cadeado e se dirigirem ao amplo e bem cuidado gramado, onde outras crianças brincavam e se divertia. Traziam uma colorida e imensa bola.
                Depois de forrar cuidadosamente o local com um lençol branco, onde a “menina-mãe” se acomodou, o pai pôs-se a brincar com o filho, que seguramente não tinha dois anos ainda.
                Apesar de muito jovens, era nítido no semblante dos dois a alegria de dividirem aquele momento de alegre convivência. Depois de brincar e correr, o bebê como que cansado, resolveu buscar o colo da mãe, onde recebeu os cuidados e uma mamadeira.
                Após o “jantar” deixou-se ficar quietinho, deitado ao lado dos pais em velado e leve sono. Enquanto isso, seus pais dedicavam extremo zelo e cuidado mútuo. Carinho, ternura, doçura nos seus pequenos gestos. Beijos leves e mãos dadas, com o olhar atento e cuidadoso no bebê.
Deixaram-se ficar ali bom tempo, naquele namoro calmo, silencioso, onde parece que não havia necessidade de palavras para que expressassem seu amor.
                Ao completar minha volta, notei que se preparavam para deixar o local. Juntaram os pertences em uma bolsa, se aconchegaram como puderam na pequena e barulhenta “mobilette” e saíram livres e tranquilos pela rua, iniciando a trajetória de retorno ao seu lar, que pressuponho humilde, mas feliz.
                O barulho estridente do veículo ainda ecoa em meus ouvidos e traz à lembrança aquele momento. Momento de ternura, de extrema felicidade.
                Um jovem casal, em sua trajetória de vida, buscando momentos de lazer, em uma noite quente da minha querida Goiânia. A menina-mulher zelosa, de seu filho e de seu companheiro. O rapaz, quase imberbe, cuidadoso, buscando felicidade em pequenas coisas e gestos.
                Impossível não me emocionar e, do fundo do coração,  desejar que aqueles jovens sejam felizes, que lutem e deem ao filho tudo de bom que a vida possa oferecer. Mas que acima de tudo, que continuem a dar a si e ao nenê, carinho, ternura, e amor e que a vida permita que continuem sendo felizes. Muito felizes.



2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Esse é o Américo nos prestigiando com belas crônicas, no rádio, na tv, no jornal e na web. Parabéns.

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