O goiano ama sua terra. Ama seu canto, o lugar onde nasceu e mesmo nunca
tendo saído além-fronteira, entende que não tem lugar melhor no mundo que aqui.
Pois para ele, o sol brilha muito mais, as manhãs são mais belas e o pôr-do-sol,
um encanto só. As noites estreladas e emolduradas pela luz da lua suscitam
desejos e canções que, acompanhadas por plangente violão acalentam corações e embalam
amores.
E quando é tempo de milho verde, fica melhor ainda. O aroma e o sabor que
vêm do fogão à lenha com a pamonha quase pronta – de doce, de sal, á moda – faz
saber que o paladar será único e especial.
Os meninos, inquietos e apressados que são, enquanto a pamonha não sai se
divertem com mandioca cozida coberta com melado de cana. Dos menores aos
maiores.
E para os adultos, uma legitima da terra, do município, que fora guardada
especialmente para aquela ocasião.
A noite é de pamonhada, mas no dia seguinte, haverá frango com pequi e gueroba.
Sim, “gueroba” pois em Goiás não se diz guariroba, mas simples e unicamente “gueroba”. Um palmito de sabor um
pouco amargo, que colhido ali na hora, torna-se uma iguaria fantástica. Acrescente-se
aí quiabo e angu de milho.
A isso tudo junta-se a alegria do encontro. Encontro de goiano que se
preze tem, além da pamonha e do frango com pequi, animadas rodas de viola. Mágica
viola que dedilhada por mãos hábeis, muitas vezes rudes e calejadas pelo trabalho
diário, trazem sons que enlevam e afagam a alma, o coração. A poesia é buscada
nas lembranças e nos recônditos e se faz presente em emocionantes declamações,
que prendem a atenção.
Nas manhãs e nas tardes, encanta-se com a brisa suave e canto de sabiás.
Isso é ser goiano. E o goiano não deixa nunca de amar sua terra, seu chão.
Terra que Cora Coralina cantou em prosa, verso, poemas. Que um poeta um dia, em
momento único buscou inspiração dentro do coração juntou seus mais caros
valores, tradições, saudades, retratou e transformou em poema, que virou
canção.
Essa canção é pura goianidade. É relato de cotidianos, de saudade de filho
distante que foi pra cidade grande estudar, de tradições da terra, de tropas,
de boiadas, de brejeira saudade. Do amor tão “natural do coração” de um goiano.
Afinal, “o meu peito goiano, é assim: de saudade brejeira, sem fim. Quando
gosta ele diz: que trem bão... quando canta... A viola... É paixão...”
A bença, Poeta... Salve a goianidade!
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