Na tarde de muito calor o transito desumano
e não menos intenso e de lentidão requer muita calma de quem trafega pelas ruas
e avenidas de minha cidade. Vez em quando, a impaciência representada por uma
estridente buzina - desabafo de algum motorista mais ou menos apressado -
extravasando o stress que a situação causa.
Como consolo, o bom e amigo radio do carro,
que sintonizado em uma emissora de
programação amena, traz canções que por muitos momentos me levam a viagens fantásticas
ao mundo da poesia, do mais puro lirismo. Canções que remontam à paginas da
vida, pedaços da existência que ficaram marcadas e são trazidas à lembrança.
Embevecido pelas lembranças acabo relevando
a lentidão do congestionamento, do transito ruim. Melhor assim, afinal cada dia
tem mais carros nas ruas e por consequência, motoristas nem tão bem preparados
para dirigi-los.
Enlevado, me vejo a refletir sobre o
conteúdo das canções. Como surge tanta beleza, advinda do coração de um
poeta? Poetas buscam nos escaninhos da alma aquilo que trazem para fora. E a
poesia às vezes pode estar tão perto, tão do nosso lado, que com muito pouco
podemos perceber.
Nem diria sobre o perceber das belezas de
um alvorecer, de uma manhã magnifica adornada por céu azul e com trilha sonora
de bem-te-vis e sabiás. Do pôr-do-sol em um belo e encantador fim de tarde, de
contar histórias em um encontro de amigos em noite enluarada à beira de uma
fogueira, de falar de saudade e entoar canções ao som de um plangente violão. As
belezas poéticas da natureza trazem inspiração e acalento.
Quero me referir à poesia contida no
coração, que em excertos de inspiração brota e proporciona momentos de encanto
e lirismo. A poesia da alma, a que retrata e revive momentos de ternura,
nostalgia... Saudade!
Quando o poeta vai ao eu interior busca o
mais puro sentimento, e o exprime em palavras, períodos, orações. Transforma o sentimento
em palavras. Mesmo que não viva ou tenha vivido o que descreve. São os momentos
da alma, quase sempre inexplicáveis aos normais...
Imerso nas reflexões, sequer percebi a
demora que o transito me obrigou a suportar. Com o coração leve chego ao meu
destino. Para dar continuidade às obrigações diárias. Cumprir os compromissos
do restante do dia. Assim vivo a
poesia... E a poesia vive em mim.
Dessa forma, o dia-a-dia se torna
suportável. Os momentos difíceis, ficam mais leves. E a alegria de viver
torna-se companheira constante.
Em forma de poemas, e canções...
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