sábado, 2 de agosto de 2014

EM UMA TARDE-NOITE DE JULHO, QUASE AGOSTO...




Depois de um dia de trabalho intenso, como todos os outros, chega a hora de me recolher e aproveitar os últimos dias que me restam de férias da faculdade ou, as ultimas noites de precioso ócio. Quiçá, preciosa solidão.
À companhia dos últimos raios solares, adentrar o portão de casa, receber o carinho e a alegria das cadelas Doth e Luna e imergir em meu canto, em meu pequeno paraíso: a morada simples do Faiçalville...
Permito-me descansar a fadiga decorrente da correria do dia em uma velha cadeira de fios de plástico, que sempre está no mesmo canto, no mesmo lugar. Chova ou faça sol ela me espera todos os dias.
É ali o lugar onde, por breves momentos, permito-me ficar com minhas elucubrações, imerso em reflexões.   Fazer um breve resumo do que foi o dia, planejo o seguinte e administrar a vida, como se deve fazer.
Noto no céu a presença de um pedacinho de lua, quase uma réstia de luz a iluminar a chegada da noite. Pequena luz a se imiscuir entre estrelas tímidas, como a disputar os últimos momentos de luz do dia que acaba de se findar. Andorinhas teimosas buscam seus ninhos e fazem voos rasantes e rápidos, como a desafiar a escuridão que se aproxima. É a ultima noite de julho do ano.
Sentado na velha cadeira, vendo a noite chegar calma e tranquilamente, o coração vai buscar nos recônditos, melodias de uma canção romântica distante. Melodias que levam a momentos vividos ou sonhados. Do tempo em que amor e amar era algo tão importante e verdadeiro, que se representava em olhares, toques de mãos e beijos de carinho e ternura. Era permitido dizer: “eu te amo”, olhando nos olhos, enquanto se abraçava a pessoa amada.
As canções me levaram ainda mais longe nas lembranças. Fui aos bancos da escola em que estudava quando ainda era criança. A timidez me impedia de olhar para ao lado e admirar o sorriso e o brilho do olhar daquela menina linda, de cabelos cor de ouro que sentava na carteira próxima.
Furtivamente me enlevava com aquele olhar doce e sorriso encantador. Dividia a atenção entre a Professora, as lições no quadro e a menina. Quando os olhares se cruzavam, era como se um raio atingisse a alma, o coração. Mudava o rumo rapidamente, mas ficava na lembrança o olhar, o sorriso, que tocavam tanto o coração de um menino sonhador.
As canções ao longe foram o fundo musical perfeito e evocaram minhas saudades. O tênue brilho da lua em ritmo crescente e a escuridão da noite me trazem à realidade. Hora de sair daquele cantinho e acender as luzes da casa. E com o coração iluminado leve, feliz dar sequencia às  rotinas da vida.
Depois de me permitir momentos de nostalgia, enlevo e ternura, com canções de amor. Em mágica tarde-noite de Julho... Quase Agosto.




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