Conheço quase todos os estados desse nosso imenso Brasil. Posso dizer que, em momento nenhum fui mal recebido em qualquer lugar que seja. O brasileiro gosta mesmo de receber pessoas. Povo hospitaleiro e de bom coração.
Pena que tenhamos tanta desigualdade, tantas diferenças sociais, mas mesmo assim, o fato de ser rico ou pobre, não muda o jeito de ser das pessoas daqui.
E alegria mesmo é, quando estamos longe de casa e encontramos um amigo que está, assim como nós, fora do torrão natal. É um tal de querer saber noticias disso, daquilo, de pessoas próximas, e das novidades.
Viajando pela região Nordeste do Brasil, para onde fui a trabalho, encontrei uma economia forte nas capitais e no interior, um comercio dinâmico e um povo muito trabalhador. Deixei ali grandes amigos, com os quais mantenho contato até hoje.
Não é de se estranhar que tenhamos grandes colônias de imigrantes, que um dia deixaram seu país, seus familiares, suas culturas, e vieram para esta terra acolhedora, amiga. Aqui fincaram raízes, tiveram seus filhos, netos e geraram, com o seu trabalho, riqueza e progresso. Grande foi a contribuição destes nossos irmãos que vieram de tão longe para viver aqui. E se orgulhar de também serem brasileiros.
Temos vários brasis dentro do Brasil. A multiplicidade de costumes, comidas, culturas é tão grande que não é exagero afirmar que somos um país continente.
Aqui, apesar da violência que teima em se aproximar de nós, podemos ainda ir ao cinema, ao zoológico com as crianças, ao barzinho no fim de semana, à feira livre aos domingos. Podemos chamar a isso de paz.
Por falar em povo hospitaleiro, jamais esquecerei um fato ocorrido em uma das minhas viagens ao Pará. Região norte no país.
Viajando de Belém para Goiás, após almoçar na cidade de Marabá, com o sol a pino e um calor de quarenta graus, não deu outra: o sono começou a perturbar. Senti vontade de tomar um café, que serviria em tese para espantar o sono e despertar, pois dirigir assim é muito perigoso.
Naqueles rincões, não se tem uma boa estrutura de comércio à beira das estradas. O que existe são pequenos botequins, com cobertura de palha e, normalmente, de pau-a-pique. Sempre à margem de um córrego ou ribeirão, o que, certamente garante fartura de alimentos.
Parei em um desses locais, que são chamados por aqui de “venda” ou “vendinha”. Comercializam, além de cerveja e cachaça, bolachas, bolos e até peixe pescado ali mesmo.
Ao adentrar no local, vieram me atender um senhor e uma senhora já com certa idade, morenos, com traços indígenas, me cumprimentando com um sonoro boa-tarde. Perguntei por café, disseram que não tinha pronto, mas faria um naquela hora mesmo, tal sua disposição.
Observando melhor o local, logo vi algumas crianças brincando no terreiro arenoso ali nos fundos. Perguntei se estudavam, mas ela disse que não, pois não tinham condições para colocá-los na escola.
O café feito no fogão a lenha, logo começou a deixar seu aroma no ar. Passados alguns minutos, a senhora me serviu o delicioso e quentinho café, me oferecendo em uma xícara, fazendo um prato de bandeja. Sorvi o delicioso líquido, perguntei quanto era e ela disse que não custaria nada, que fosse com Deus e que de outra vez, passasse por ali. Coisas do Brasil, de um povo solidário e amigo.
Que linda lembrança, a do gesto desse casal.
ResponderExcluirInteressantes também como mudaram, nas últimas décadas, os jeitos das nossas viagens, pelo menos das pessoas de classe média. Lembro que também fui ao Marabá quando criança. Foi uma viagem de carro com a família. Foram uns dias de viagem, acho que uns quatro dias... rsrs Parávamos pra tomar banho nos córregos, pra comer farofa, almoço, lanche embaixo de ponte ou de uma árvore de sombra boa... uma aventura que quase não existe mais.
Não sou saudosista, mas este "tempo" louco em que estamos vivendo no presente, e o futuro parece ser pior, com este texto tive saudades de várias "belezas" e simplicidade de toda a minha vida.
ResponderExcluirForte abraço.