A lua sempre foi uma grande companheira. Lua dos amantes, dos namorados, dos românticos, do menino Luis que, em sua ingenuidade de criança, se perguntava, porque ela não era clara e bonita todos os dias.
Ela, a lua, foi cúmplice e testemunha dos enamorados e apaixonados que, sob sua tênue luz, um dia trocaram juras de amor eterno.
Lembro-me que, muito criança eu já tinha admiração por ela. Na longínqua e distante Fazenda Nova América, da minha meninice, via meu pai chegar de suas viagens a cavalo, fatigado, mas agradecendo que a viagem rendera, pois a lua estava clara. Também, quando conheci a minha irmã Josefa, que viera para a capital estudar e tornar-se religiosa salesiana, foi em uma noite de luar.
Ouvia, mas não acreditava, nas lendas do homem cabeludo que, na Lua cheia, vinha buscar as crianças que eram teimosas e desobedeciam a seus pais. Ora, eu não tinha medo, pois me achava um bom menino. E a lua sempre foi tão bonita que, para mim, ela jamais traria algo tão feio como pintavam o tal lobisomem.
Era comum nas noites de lua cheia, meus pais receberem a visita de meus avós e tios em alegre reunião. A lua iluminava os caminhos e facilitava o deslocamento de uma fazenda à outra, afastando os perigos. Nessas noites enluaradas, ouviam musica em um imponente rádio de mesa, ABC A VOZ DE OURO, e jogavam A Sueca, um jogo de baralho muito apreciado á época. Meu avô, com sua gargalhada retumbante e suas historias alegres, dava ritmo á reunião. Para os homens, era servido um conhaque, e para as mulheres, um suco. Às crianças, recomendava-se não ficarem no meio dos adultos atrapalhando. Mas ainda assim, era divertido ver aquela algazarra.
Apesar das dificuldades da época, meus pais eram felizes em seu pequeno torrão, em seu pequeno sítio, de onde tiravam o sustento da família.
Assim, a vida foi passando. E como foi rápido. A fazenda Nova America é apenas um pequeno pedaço nos escaninhos da minha lembrança.
Hoje, tão distante daquele lugar, sem perceber, em um desses sábados da vida, acabei sentindo saudades. E nessas saudades, me permitindo alguns momentos comigo mesmo. Perdi um pouco a noção do tempo. Não sei quanto tempo ali fiquei, a cismar, como diziam os antigos.
Imerso nessas elucubrações, vejo desfilarem, de forma silenciosa alguns momentos recentes da vida. Uns, felizes, outros, nem tanto.
Ainda bem que os momentos felizes sempre superam os difíceis.
Nessa letargia, a tarde foi caindo e a noite chegando. Mirando sobre o muro do meu quintal, observo um clarão, e de repente, vem ela, majestosa, elegante, soberba. Saindo por entre dois esqueletos de prédios em construção - bem no meio -, ela trouxe àquela paisagem cinza de concreto, beleza, poesia, encanto. Mesmo caindo uma leve e delicada chuva, o caminho da lua estava quase livre, apesar da tentativa de algumas nuvens que queriam obstruir seu caminho de luz. Rapidamente ela galgou o alto do céu, ficando ali, como a me dizer: alegra-te!
Ah, amiga lua. Eu te peço que nunca deixe de iluminar minha vida, de me levar à saudade da infância, me fazer feliz e iluminar meus caminhos.
Sempre muito bom ler nosso querido Cronista Goiano!
ResponderExcluirParabéns!
Seu leitor.
Reinaldo Bueno
BOM DIA...FIQUEI UM TEMPO SEM VISITAR CRÔNICAS E SERESTA..VEJO QUE ESTA DE CARA NOVA..PARABÉNS CADA VEZ ESCREVENDO MELHOR...TAMBÉM QUERO QUE A LUA CONTINUE ILUMINANDO MINHA VIDA E MELEVANDO AS BOAS LEMBRANÇAS DA MINHA INFÂNCIA...
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